INCÊNDIOS EM RESTINGAS: HISTÓRICO, DINÂMICA, PERSISTÊNCIA E ESTRATÉGIAS DE MITIGAÇÃO
Nome: FERNANDA MOURA FONSÊCA LUCAS
Data de publicação: 26/03/2025
Banca:
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Papel |
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ALEXANDRE ROSA DOS SANTOS | Examinador Interno |
DANILO SIMÕES | Examinador Externo |
NILTON CESAR FIEDLER | Presidente |
RONIE SILVA JUVANHOL | Examinador Externo |
SUSTANIS HORN KUNZ | Examinador Interno |
Resumo: A vegetação das planícies costeiras da costa atlântica brasileira, conhecida como restinga, é um ecossistema que apresenta ameaças crescentes devido à pressão pela expansão urbana, especulação imobiliária e atividades de uso da terra. Esses fatores intensificaram as ocorrências de incêndios, tornando-os mais frequentes e impactantes. Compreender o perfil e a dinâmica desses eventos, bem como seus efeitos sobre a regeneração da vegetação, é essencial para a formulação de estratégias de manejo e conservação. Diante deste contexto, este estudo analisou o histórico de incêndios em restingas do Espírito Santo e avaliou os impactos de um evento de ocorrido em 2022 sobre a vegetação e o solo. A análise histórica dos incêndios entre 1985 e 2023, realizada com dados do MapBiomas Fogo coleção 3, permitiu identificar a sazonalidade, a frequência e as classes de vegetação mais afetadas. O impacto do fogo sobre a vegetação foi avaliado por meio dos índices: Índice de Vegetação da Diferença Normalizada (NDVI) e Índice de Queimada Normalizada (NBR), enquanto as análises químicas do solo e o levantamento florístico foram conduzidos para investigar os efeitos do incêndio em uma floresta inundável de restinga. Os resultados indicaram que os incêndios ocorrem principalmente entre agosto e outubro, com os brejos sendo os mais impactados devido à alta inflamabilidade da biomassa herbácea acumulada. A regeneração da vegetação variou entre as fitofisionomias, sendo a floresta inundável a mais afetada, com recuperação limitada. Dois anos após o incêndio, apenas quatro espécies arbóreas foram identificadas na área queimada, evidenciando um impacto negativo do fogo sobre a diversidade estrutural da comunidade. A análise do solo revelou uma redução de 11,5% nos estoques de carbono e matéria orgânica na área incendiada, embora não tenha indicado o solo como uma barreira ao recrutamento de novos indivíduos. A presença de espécies ameaçadas de extinção, como Erythroxylum nitidum Spreng., torna a recorrência do fogo ainda mais preocupante, pois pode comprometer sua regeneração e favorecer a invasão de espécies exóticas, alterando a composição florística da restinga. Como a maioria dos incêndios registrados teve origem antrópica, estratégias de mitigação são fundamentais para a conservação desse ecossistema. Medidas preventivas, como a construção de aceiros e a educação ambiental das comunidades do entorno, são essenciais para reduzir a frequência desses eventos. Diante da mudança climática e do aumento da pressão antrópica sobre as restingas, a conservação desses ambientes exige uma abordagem integrada, que combine ciência, políticas públicas e engajamento social. O monitoramento contínuo da vegetação e do solo, aliado à implementação de estratégias preventivas e restauradoras, será determinante para a manutenção dos processos ecológicos a longo prazo.