DINÂMICA POPULACIONAL E DA BIOMASSA ACIMA DO SOLO EM FLORESTA OMBRÓFILA DENSA MONTANA, ESPÍRITO SANTO, BRASIL
Nome: VICTOR BRAGA RODRIGUES DUARTE
Data de publicação: 24/03/2025
Banca:
| Nome |
Papel |
|---|---|
| HENRIQUE MACHADO DIAS | Presidente |
| MARCOS VINICIUS WINCKLER CALDEIRA | Examinador Interno |
| MARIO LUIS GARBIN | Examinador Externo |
| SUSTANIS HORN KUNZ | Examinador Interno |
| TALITHA MAYUMI FRANCISCO | Examinador Externo |
Resumo: Florestas tropicais em ambientes montanos são ecossistemas complexos essenciais na conservação da biodiversidade e no sequestro e armazenamento de carbono. Compreender a dinâmica desses ecossistemas e os fatores bióticos e abióticos que a influenciam, como altitude, declividade, densidade de indivíduos e cobertura do dossel, é fundamental para avaliar sua resiliência à mudança climática e orientar estratégias de conservação. Neste estudo, objetivou-se avaliar os efeitos de fatores bióticos e abióticos na dinâmica de uma Floresta Ombrófila Densa Montana localizada no Parque Nacional do Caparaó, Espírito Santo. Foram analisados os estratos de sub-bosque e dossel, bem como grupos de espécies dominantes e pouco abundantes. O estudo foi conduzido em oito parcelas permanentes (50 m × 20 m), com um inventário florestal realizado em 2012, antes de um período de seca severo (2014-2017), e outro em 2022, cinco anos após a seca. Nos inventários, todas as árvores com diâmetro à altura do peito (DAP, 1,30 m) 2,5 cm foram marcadas, mensuradas e identificadas. No segundo inventário, registrou-se se as árvores estavam mortas, sobreviveram ou alcançaram o DAP mínimo para inclusão. Foram calculados índices de diversidade e estrutura florestal, além das taxas demográficas para toda a comunidade, classes de diâmetro e grupos específicos de espécies. A biomassa acima do solo (AGB) foi estimada utilizando uma equação alométrica aplicada a todos os componentes da dinâmica florestal. Variáveis topográficas, estruturais e funcionais foram coletadas e relacionadas às hipóteses ecológicas de filtragem ambiental, quantidade de vegetação, razão de biomassa e complementariedade de nicho. Os resultados indicaram elevados índices de diversidade (Shannon = 5,00) e equabilidade (Pielou = 0,84), além da estabilidade na densidade de indivíduos e área basal total entre os inventários (teste t, p > 0,05). A taxa média de mortalidade observada (2,06 % ano1) foi consistente com padrões típicos de florestas tropicais, enquanto as taxas de recrutamento (1,68 % ano1) e ganho em área basal (2,80 % ano1) sugeriram ativo crescimento da floresta. A AGB aumentou significativamente entre os inventários: 286,41 Mg ha1 em 2012 para 317,18 Mg ha1 em 2022. A dinâmica demográfica foi amplamente influenciada pelo sub-bosque devido à maior densidade de indivíduos nesse estrato. Fatores como elevação, sombreamento da encosta, abertura do dossel e acidez do solo contribuíram para maiores taxas de rotatividade. O incremento em AGB foi mais evidente nas parcelas com espécies dotadas de traços conservativos dos recursos. Os filtros ambientais associados à topografia local e à elevação impulsionaram o ganho inicial em biomassa por meio do crescimento das árvores jovens, enquanto condições limitantes restringiram o incremento de árvores maiores. Esses resultados sugeriram resiliência da floresta a seca ocorrida e que a topografia local e a estrutura do dossel podem ter sido cruciais para a manutenção de microclimas estáveis, indicando que a área pode conter refúgios climáticos para a biodiversidade arbórea e armazenamento de carbono. Portanto, identificar áreas com elevada complexidade estrutural e topográfica e integrá-las a redes de manejo e conservação é fundamental para preservar sua resiliência e contribuir para a mitigação local das mudanças climáticas em curso.
