Modificação da madeira: modificação térmica e outros processos

Resumo: A madeira tem sido utilizada como material engenheirável por milênios, e chegou ao século XXI como uma das poucas opções para atender às demandas atuais da sustentabilidade. Apesar disso, por causa da sua afinidade com a água e presença de substâncias de reserva em suas células, a madeira em serviço está sujeita à movimentação dimensional (que causa empenamentos, rachaduras, dentre outros problemas) e ao ataque de organismos xilófagos, o que prejudica seu desempenho.
Há um tendência global de aumento contínuo da oferta de madeira jovem de reflorestamento para utilização nas indústrias madeireiras. A situação do Brasil é a mesma, onde a maior oferta de matéria-prima é representada pelos plantios de espécies do gênero Eucalyptus.
Por outro lado, em termos de matéria-prima para a geração de produtos maciços (também chamados sólidos), produz-se principalmente madeira serrada de espécies de Pinus (ca. de 8 milhões de m³ ano-1), seguida de madeira tropical (ca. de 8 milhões de m³ ano-1). A oferta, porém, não se restringe a esses dois grupos, em que há outras espécies de reflorestamento disponíveis no mercado, tais como a teca (Tectona grandis L.f.), o mogno-africano (Khaya spp.), o cedro-australiano (Toona ciliata M. Roem.) e mesmo materiais de Eucalyptus desenvolvidos para esse fim (clones, híbrido e mesmo espécies puras).
A modificação da madeira reúne um grupo de processos industriais que alteram as propriedades da madeira pela aplicação de calor (modificação térmica) ou de produtos químicos (modificação química). Esses processos têm sido amplamente usados em nível mundial, com maior predominância na Europa. O objetivo desses processos é melhorar as propriedades da madeira, sem a adição de produtos biocidas e tóxicos, em que as principais propriedades melhoradas são a redução da higroscopicidade e o aumento da resistência à biodeterioração.
A melhoria dessas propriedades da madeira impacta positivamente no desempenho da madeira em serviço, aumentando a vida útil dos produtos. Esses processos de modificação são particularmente benéficos para as espécies de reflorestamento de rápido crescimento, por terem, em geral, baixa durabilidade e elevada instabilidade dimensional.
Ainda não existem no Brasil indústrias que produzem madeira modificada. O campo de pesquisa nesses assunto não está plenamente consolidado no País, com poucos grupos de pesquisa, trabalhando principalmente com equipamentos em escala laboratorial.
Porém, o Brasil possui um grande potencial, pela franca oferta de madeira no mercado, principalmente de reflorestamento. Assim, a produção de madeira modificada com esse material é uma possibilidade de agregar valor à madeira serrada dessas espécies, tais como a produção de cladding (madeira não-estrutural usada no exterior de construções), fachadas, móveis de jardim e decks, por exemplo.
No entanto, os benefícios dos processos podem ser estendidos à madeira tropical de florestas naturais, especificamente para a valorização das espécies caracterizadas como “brancas” e mesmo o alburno, que é comumente descartado. Ou seja esses processos também podem contribuir para valorizar a madeira tropical de algumas espécies da Floresta Amazônica brasileira.

Data de início: 01/06/2023
Prazo (meses): 48

Participantes:

Papelordem decrescente Nome
Coordenador DJEISON CESAR BATISTA
Pesquisador JORDÃO CABRAL MOULIN
Pesquisador ANANIAS FRANCISCO DIAS JÚNIOR
Pesquisador REJANE COSTA ALVES
Pesquisador JUAREZ BENIGNO PAES

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