FLORÍSTICA E ESTRUTURA EM CRONOSSEQUÊNCIA DE FLORESTAS PÓS-ABANDONO DA CULTURA DO CAFÉ NA MATA ATLÂNTICA

Nome: VICTOR DE ANGELO

Data de publicação: 28/09/2023

Banca:

Nomeordem decrescente Papel
SUSTANIS HORN KUNZ Orientador

Resumo: No estado do Espírito Santo, a vegetação da Mata Atlântica foi severamente impactada e, atualmente, restam cerca de 12% de sua cobertura original. As florestas originais foram substituídas por culturas agrícolas, principalmente o café, que na região serrana do Espírito Santo, está presente em mais de 65% das propriedades rurais. Em muitos casos as florestas, que ainda persistem nas propriedades rurais, são resultado do processo de sucessão natural ocorrido após o abandono das lavouras cafeeiras. No entanto, pouco se conhece sobre a flora e estrutura destas florestas. Diante do exposto, este estudo teve por objetivo caracterizar a estrutura e a composição florística do componente arbóreo de uma cronossequência de florestas secundárias montanas pós-abandono da cultura do café na região sul do Espírito Santo. Foram selecionadas três áreas florestais com diferentes idades, sendo duas estabelecidas pós abandono da cultura do café (A20 e A50), e uma área de floresta madura sem histórico de corte raso (Aref), situados no município de Venda Nova do Imigrante. Em cada local, foram implantadas dez parcelas medindo 10 m x 10 m (1000 m².área-1), totalizando 30 unidades amostrais (3000 m² de área total). Em cada parcela foram amostrados todos os indivíduos arbóreos, palmeiras e samambaias arborescentes com diâmetro à altura do peito (DAP) igual ou superior a 5 cm. Os indivíduos foram numerados e tiveram os dados dendrométricos (DAP e altura) estimados. Amostras vegetais foram coletadas para identificação e tombo em herbário. Foram calculados os parâmetros fitossociológicos, índice de diversidade de Shannon e de equabilidade de Pielou, assim como o índice de similaridade. A composição florística foi classificada quanto ao grupo funcional (diversidade e recobrimento), síndromes de dispersão (anemocoria, zoocoria e autocoria) e categorias de ameaça da IUCN (Criticamente ameaçada:CR, Em perigo: EN, e Vulnerável: VU). No geral foram amostrados 366 indivíduos, de 40 famílias, 126 espécies e 79 gêneros (57 indivíduos, 13 famílias, 22 espécies, e 19 gêneros em A20; 133 indivíduos, 23 famílias, 48 espécies e 38 gêneros em A50; 176 indivíduos, 28 famílias, 56 espécies e 46 gêneros para Aref). A síndrome de dispersão predominante, em todas as áreas amostradas, foi a zoocórica. No total de espécies, cinco constam nas listas oficiais de espécies ameaçadas de extinção, sendo três espécies classificadas na categoria VU, uma citada como CR e uma citada na categoria EN. Além destas, foram citadas as espécies com dados deficientes (DD) Em relação ao grupo funcional, foi observado nas três áreas o predomínio de espécies classificadas como diversidade. Detectou-se padrões de riqueza semelhantes entre as áreas de 50 anos e de referência, sem diferenças observadas por rarefação baseada em amostras e nas curvas de extrapolação. No entanto, a curva de riqueza de espécies mostrou mudanças marcantes entre as áreas. Por exemplo entre as áreas de 50 anos e referência a curva de riqueza é semelhante e difere com a área de 20 anos, com diferenças contrastantes nas espécies compartilhadas. Com relação a abundância nas áreas, verificou-se maior número de indivíduos na Aref, com menor abundância registrada na A20. As espécies mais abundantes na A20 foram Piptadenia gonoacantha (Mart.) J.F.Macbr. (8 ind.) e Ocotea cf. aurantiodora (Ruiz & Pav.) Mez (7 ind.). Para a A50 as espécies com maior abundância foram, Casearia sp. (17 ind.), Euterpe edulis Mart. (10) e para a Aref, foram E. edulis (18 ind.) e Aparisthmium cordatum (A.Juss.) Baill. (11). Apesar de apresentarem diferentes idades, somente a área de 20 anos se mostrou muito diferente das outras duas áreas estudadas, havendo uma similaridade maior entre as áreas A50 e Aref. Com os resultados apresentados nesse estudo, podemos ampliar o conhecimento da flora do Espírito Santo. Desperta-se a atenção para as florestas secundárias que são de extrema importância, pois conseguem preservar conjuntos florísticos, com uma considerável riqueza de espécies, incluindo espécies raras ou ameaçadas de extinção, conservando assim os remanescentes de Mata Atlântica e auxiliando recuperação da sua vegetação nativa.

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