MECANISMOS DE REGENERAÇÃO NATURAL EM CRONOSSEQUÊNCIA DE ÁREAS PÓS-CAFEICULTURA EM FLORESTA OMBRÓFILA DENSA, ES
Nome: DENYSE CÁSSIA DE MARIA SALES
Data de publicação: 29/02/2024
Banca:
Nome | Papel |
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SUSTANIS HORN KUNZ | Presidente |
PATRÍCIA BORGES DIAS | Examinador Externo |
ANDRÉ FELIPPE NUNES-FREITAS | Examinador Externo |
Resumo: A cafeicultura é uma atividade agrícola de destaque no Espírito Santo. Portanto, é importante compreender como ocorre a regeneração de ambientes abandonados após o uso da terra para esse cultivo. Assim, objetivou-se investigar as mudanças na composição florística e estrutura horizontal no estrato regenerativo e no banco de sementes do solo (BSS), em cronossequência de florestas pós-abandono do cultivo de café arábica, localizadas em Venda Nova do Imigrante, sul do Espírito Santo. Foram selecionados quatro fragmentos com diferentes idades referentes ao abandono após o cultivo de café, 20 (F20), 35 (F35), 60 anos (F60) e uma área de referência (REF). Dez parcelas de 25 m² foram instaladas em cada uma das áreas. Na regeneração, foram mensurados todos os indivíduos arbustivo-arbóreos que tivessem altura 50 cm e até 2,5 cm de diâmetro à altura do peito (DAP), que foram identificados e classificados quanto ao grupo sucessional, forma de vida e grau de ameaça. No BSS, foram coletadas, em dois períodos, 40 amostras compostas, uma por parcela, com um gabarito de 25 x 25 x 8 cm. No viveiro, em casa de sombra (50%), as amostras foram dispostas em bandejas para avaliar a germinação durante sete meses. Foram avaliados os parâmetros fitossociológicos, a diversidade de Shannon (H’), a equabilidade de Pielou (J), a riqueza de Margalef (R) e a similaridade florística. Para verificar a interação entre a regeneração natural e as varáveis ambientais, foi realizada a avaliação da abertura de dossel e a análise físico-química do solo. A partir disso, foi realizada uma análise de redundância. Na regeneração natural, entre os fragmentos F35 e REF, H’ variou de 2,1 a 3,8, J variou de 0,6 a 0,9 e R variou de 5,4 a 13,9, respectivamente. Rubiaceae esteve entre as famílias com mais indivíduos em todos as áreas. As espécies com maior Valor de Importância variaram entre as áreas. As espécies arbóreas (72,7%), secundárias tardias (22,3%) e Menos Preocupante em nível de ameaça (37%) foram predominantes em todos os fragmentos. Apenas seis espécies ocorreram em todos os fragmentos. Já para o banco de sementes, o índice de H’ variou de 3 a 3,4, J foi de 0,9, R variou e 5,4 a 7,3 entre todas as áreas. Houve diferença na densidade de sementes germinadas entre o período chuvoso (79,8 indivíduos.m-2) e o menos chuvoso (318,51 indivíduos.m-2). A família com maior riqueza foi Asteraceae, a espécie com maior VI no período menos chuvoso foi Cecropia hololeuca e no período chuvoso foi Emilia sonchifolia. Houve compartilhamento de nove espécies entre todas as áreas. As variáveis ambientais que exerceram maior influência na vegetação foram a umidade do solo, abertura de dossel, densidade do solo, cálcio, magnésio, sódio, acidez potencial e alumínio. Existe potencial para áreas abandonadas após o cultivo de café serem regeneradas, resultado demonstrado pelos valores de diversidade, equabilidade e dominância obtidos. Além disso, o elevado número de espécies tardias demonstra que o tempo de abandono igual ou superior a 20 anos é promissor para a qualidade da regeneração desses ambientes. No entanto, a diferença na composição de espécies confirma dados obtidos em outros estudos de que é um dos últimos elementos a serem recompostos, e dificilmente as espécies que formarão a floresta secundária serão iguais às espécies da vegetação primária.